Ganhei de presente, no mês passado, de meu querido ex-aluno e amigo Lucas, o livro Frenesi Polissilábico, de Nick Hornby, um de meus autores preferidos (amo especialmente Como ser legal, recomendo muito, além dos conhecidos Alta Fidelidade, Febre de Bola etc.). Terminei de ler ontem (foi minha cia de viagem em NY - e cia perfeita, pq eram críticas curtas, dando aquele tempo certinho pra quando a gente que é viciado em ler precisar fazer a leitura meio soluçando, ou seja, nos intervalos entre uma coisa e outra, sem continuidade), gostei muito, recomendo mesmo, especialmente para os que são: a) fãs do Hornby; b) fãs de literatura; c) ávidos por crítica cultural inteligente, sem ser pedante e escrotinha, que ensina, delicia, faz pensar, relativiza, humaniza os livros todos. Um show!
A aposta do Hornby é fazer críticas bem-humoradas, a partir de leituras aleatórias mensais, para mostrar que é impossível descolar um livro e a impressão que se tem dele do momento que se pratica a leitura, se é nas férias de verão ou no meio de um semestre atribulado, se vc tem filhos pequenos ou mora sozinho, se seu time está na lanterna ou nas finais do campeonato, enfim, Hornby capricha para mostrar que a leitura está atravessada pelo mundo da experiência concretíssima do dia-a-dia, pela memória, pelos outros discursos e referências. Repito: um show!
Vou destacar dois trechos que adorei, dentre muitos outros (um bem sensível, outro bem debochado, e eu adoro essa mistura):
- "Dois meses atras, fiquei deprimido ao me dar conta de que havia me esquecido de praticamente tudo que li na vida. Só que já dei a volta por cima. Estou agora animado pelo seguinte: já que esqueci tudo que li, então posso ler novamente alguns dos meus livros preferidos como se fosse da primeira vez" (grifos dele, p.49)
- "Se eu tivesse que escolher entre um fã de Celine Dion e as comédias recomendadas por Anthony Burgess, eu ficaria com a pessoa que está de pé em cima da mesa cantando "The Power of Love" sem pestanejar!" (p.205).
Tem como não amar?