Amei, novamente, a viagem q fiz pra NY. Queria fazer alguns resmungos sobre isso e partilhar com meus amigos leitores, nem que seja o meu próprio ego, hehe.
1) amo o jeito de NY. Aquela babel toda, gente de tudo qto é tipo e jeito, aquele tumulto linguístico e visual, adoro mesmo, é um banquete antropológico pra mim, me deleito.
2) gosto tb da indiferença do olhar, sinceramente. Adoro o total sentido de indivíduo que sinto lá. Sei q diariamente deve ser angustiante, q faz falta pensar comunitariamente etc. Mas como supressão da rotina, férias, q delícia ser um nada no meio da multidão.
3) gosto daquela ilha praticamente reta, sem ladeiras, subidas, contornos. Adoro andar a esmo, entender a lógica, andar, andar, andar... Como diz Alberto Caeiro, no meu poema preferido, "Um pensamento visível faz-me andar mais depressa e ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo". Sinceramente, sinto que essa frase foi escrita pra mim.;)
4) acho q é a meca do consumo, um shopping a céu aberto, um templo do consumismo etc. e q me deixo seduzir por ele, sem dúvida. E também fico chocada, sem dúvida: ano passado pela amplidão das ofertas, tantas lojas, marcas, cores, tipos, produtos; esse ano pelos efeitos visíveis da crise, com grandes lojas (Virgin, Converse, Circuit City etc.) fechadas, a variedade e a quantidade de produtos visivelmente menores, a presença mais eloquente dos homeless pelo metrô, nas ruas..., e, obviamente, pelo contraste entre opulência e miséria no mundo, hiperconsumo e exploração do ser humano, individualismo exponencial e perda das referências de luta coletiva etc.
5) mas confesso que quando lá fico mais fascinada do que chocada. Em parte, porque é lugar de afeto, onde reside tio muito amado. Mas também porque é um mundo muito impressionante, cujas lógicas culturais, a meu ver, são chocantes e profundamente sedutoras. E entendi pessoalmente a percepção simmeliana do hiperestímulo das grandes metrópoles: numa das últimas noites, ao deitar para dormir, eu ficava vendo, de forma similiar a quando jogamos muito tempo no computador ou no vídeogame, prateleiras de produtos - tênis, bichos de pelúcia, perfumes etc. - se alternando no meu inconsciente, como se fossem peças de majong ou tetris caindo sem parar. Te falar, fiquei bem impressionada com isso. E como estava diante de algo novo, pouco visto ainda, com o qual ainda não me familiarizei, não consegui criar, como sugere Simmel em seu premonitório artigo no começo do século XX (veja no blog do GRECOS), os filtros da atitude blasé, que me deixassem indiferentes ao hiperestímulo visual e sonoro.
6) Por fim, fico sempre pasma e incomodada com a sensação de segurança cotidiana que percebo por lá. Essa coisa de deitar relaxada nos parques, nos bancos, nas praças, mesmo nas calçadas, e dormir, ficar ouvindo música e olhando pro céu, mexendo no computador, olhando pro nada, falando ao cel, conversando com a cia ao lado, enfim, essa largação na via pública me fascina muito, sinto muito a falta de poder fazer isso aqui sem achar q serei roubada, agredida etc. Não é que lá seja impossível ser assaltada etc. é possível, mas não é provável. E isso altera muito a sensação do estresse permanente. Dá invejinha. Embora saibamos de todas as questões históricas, sociais, econômicas, políticas e culturais envolvidas nisso (pra não vir ninguém me dar aulinha sobre diferenças, please, me poupando no meu bloguezinho), a questão concreta é que dá uma vontade de ter isso.
Lugar estranho. Achei q fosse me incomodar mais essa big capital do capital. Mas me sinto bem pra caramba. E tenho um pouco de crise com isso, mas nada muito grave. Resmunguei com vcs, valeu!
Colega, essa sensação de segurança dá mesmo uma inveja danada! Senti isso andando pelas ruas de Lisboa, já de madrugada, sem aquela espécie de alarme interno que a gente aciona sempre que se percebe numa situação de ameaça. Caminhar livremente por algumas das cidades que visitei, sem me perceber como um alvo, foi muito libertador. E deu uma dor pelo que nós poderíamos ter aqui e não temos. Dá inveja, sim. Pensar que tudo poderia ser tão (melhor e) diferente. Mas...é a vida!
Que bom que você foi, gostou e, melhor, voltou! ;)
Bjão!
Nossa, um dos lugares que realmente tenho curiosidade de conhecer é NY. Dos EUA, o único, talvez. Ela desperta um fascínio que, mesmo não conhecendo, já dá pra se encantar. E quando leio relatos de quem conheceu, eles só confirmam essa "aura" novaiorquinha que eu imagino.
Essa questão de sentar num banco, de ter a possibilidade de desfruitar de uma praça e tal estava muito na minha mente, quando um dia tive que fazer "horas" em Niterói e simplesmente não tinha lugar para ficar (e ando meio por aqui com shoppings). Cidade e sociabilidade, espaço de desfrute não existem muito por aqui. Uma pena...
Beijos!
1 - amei NY tb.
2 - me incomodou mas me apaixonou tb o "desprezo" q as pessoas tem por qq um lah. ng olha pra ng. o metro eh totalmente impessoal.
3 - eu tb adorava andar por lah. de chinatown ateh qse o harlem, e mal me cansava. era lindo, tudo aquilo me deliciava tb.
4 - eu tava lah e essas lojas ainda estavam abertas, elas estavam fechando, com seus mega descontos. me deixei seduzir pelo consumo tb. mais, os eua sao a meca do consumo MESMO. eu, que nao me importava com marcas, voltei conhecendo varias marcas e vestindo todas elas tb. mais q NY, orlando eh mais consumista. lah vc trabalha pra comprar, nao existe vida alem do consumo por lá.
5 - realmente. é dificil ser blasé por lá. é tudo mt sedutor. achei lindo esse trecho escrito falando de tetris e majong.
6 - essa sensaçao de segurança tb me assustou. todos com seus ipods e celulares no metro, sem medo algum de "perderem". eu, como bom carioca, mal mexia no meu cel por lah, vivia no medo, olhando todos e desconfiando de tudo. é dificil de se libertar da sensaçao de insegurança que vivemos no rio de janeiro. ateh em Oriximina eu ando mtmt inseguro. e mesmo que tenha todo esse historico que vc falou e todo o bla bla bla envolvido, dah mt inveja mesmo de quem mora num lugar assim, que vc pode atender o seu celular na rua sem medo. infelizmente.
NY me impressiona porque é o mundo dentro de uma ilha. E tem tudo pra ser megaestressante sem ser tanto. Fui testemunha de uma cena incrível: num ônibus urbano, aonde ninguém se conhecia, um motorista animadíssimo conversava em voz alta com os passageiros. Resolveu puxar um som e boa parte passou a cantar junto. Desci arrepiado.
NY é pura sedução para nós humanos! Será que um ET ia gostar? Feriado faz a gente pensar cada coisa....bjs