Ontem, dia 8 de agosto de 2013, tivemos a aula de encerramento do curso de Mídia e Mobilização Social, que tive a sorte e o azar, pelo mesmo motivo, de estar ministrando no curso de Estudos de Mídia justamente neste semestre em que eclodiram as manifestações todas nas ruas e nas redes sociais. Sorte e azar porque ficamos no olho do furacão, tivemos muito trabalho, eu e o querido Jader Moraes, meu orientando de mestrado e que dividiu essa disciplina comigo, para acompanharmos todos os acontecimentos, estarmos ligados, preparados para as discussões, que obviamente levaram os alunos também a ansiosamente se prepararem, lerem muito, participarem das manifestações, dos debates etc. Nunca aprendi tanto em um semestre como nesse, em tão pouco tempo. Evitei divulgar aqui que estava dando exatamente essa matéria, com esse nome, por que povo num ia me deixar em paz e por que as aulas, normalmente já muito cheias, ficariam impossíveis. Agora que acabou, posso falar sobre isso, sem estresse. Acho que estamos atravessando um momento fabuloso e que rende muita coisa para pensar, mas poucas vezes me senti tão weberianamente contemplada, por que como aprendi com esse amado pensador, a realidade como totalidade é inapreensível, e os recentes acontecimentos, nesse "mosaico de parcialidades", como disse o Capilé no "roda tonta", leia-se roda viva, mostraram isso de forma muito evidente. Apreendemos fragmentos, recortes, produções de sentido em mutação permanente. Isso é a vida e a ciência, como pretensão cartesiana, só pode se enganar e enganar aos demais. Acredito nessa ciência que curiosamente tenta compreender as ações sociais a partir de seus textos e contextos, seus atores e significados, suas lutas e processos, sem pretensão à verdade. Este foi um semestre maravilhoso para ensinar isso aos meus alunos. Mas também aprendi muito, com eles em sala, com tudo que li, ouvi, presenciei, discuti, com todos os maravilhosos convidados que aceitaram ir partilhar suas experiências generosamente conosco em sala de aula (o que inclui também o curso no PPCULT de Cultura e Práticas Sociais, que dividi com a amada Adriana Facina), também nos lembrando a vocação da universidade de ser um espaço plural, diverso, aberto para trocas e múltiplos sujeitos, o que ela historicamente se recusa a cumprir. Nossa luta política também passa por aí, por construir uma universidade menos torre de marfim, distinção, umbiguenta e preocupada com suas bestas lutas internas. Por fim, aprendi também coisas muito pessoais. A pedido do Jader e da Adriana, fiz um curso com mais gente falando, eu que tenho tendência a centralizar a sala quando estou dando aula. Foi dificil no começo, mas depois foi muito bacana e importante. Agora quero isso pra sempre. Em várias dessas trocas e conversas, a palavra "sonho" esteve muito presente. Muitos falaram sobre a necessidade de sonhar, do sonho não como fantasia mas como necessidade para continuar a viver mesmo em condições pouco generosas, do sonho como utopia possível. Ontem, na aula de encerramento, falamos sobre isso. E lembrei do meu sonho, no decorrer deste semestre, em que voltei a voar. Nunca mais tinha sonhado isso, e sonhei em meio a esses cursos, a essa experiência e momento de vida. Isso foi e está sendo maravilhoso. Viva a possibilidade de voltarmos a sonhar! Viva a possibilidade de conjugarmos o otimismo da vontade com o otimismo do pensar. :) Obrigada a todos por esse semestre maravilhoso. E vamo q vamo!
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