Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Lembro-me como se fosse hoje. Quando fui escolher o que fazer no vestibular, nos idos de 1984, pensei em escolher Letras ou História. Mas desisti porque não queria ser professora, o que me parecia o destino dessas duas carreiras. Optei por jornalismo. Me formei. Trabalhei cinco anos no mercado. Vi que não era pra mim. Fui fazer mestrado. E em 1994, há vinte anos, entrei em sala de aula como professora pela primeira vez, em uma turma de Sociologia na UNIVERSO/SG. E, como os gregos, percebi que o destino tece suas teias. Inexorável. Nasci para isso.
De lá para cá, muita história. Aulas na Universo, na Silva e Souza, na Estácio, na Castelo Branco, na UFF, graduação e pós-graduação... Muitas turmas, centenas de alunos/ex-alunos, bolsistas, estagiários, muitas disciplinas diferentes, orientandos, bancas, projetos, trabalhos e provas pra corrigir, aulas pra preparar, problemas pra resolver, atividades de coordenação... nesse caminho, ganhei cabelos brancos e quilos a mais, não tenho mais a vitalidade de antes, amadureci em muitos pontos, acumulei conhecimento e já não me importo tanto com as bobagens institucionais, com a maluquice do ambiente e a neurose de quem está na profissão errada. Também sou, por incrível que pareça, mais paciente com meus alunos, tolerante, aberta a aprender com eles, a me reinventar. Cobro menos e dou mais. Gosto mais das férias do que gostava antes. Ainda mando notas individuais a cada turma (ao contrário da previsão de um colega assim que entrei na UFF, que me disse que eu só fazia isso porque "estava no começo"...), para não constranger ninguém. Ainda faço piadas, me divirto muito em sala de aula, procuro exemplos, releio os textos antes de entrar em classe, me emociono com minhas turmas. Ainda mantenho meu grupo de estudos que criei em 1999, há quinze anos. Ainda acredito no poder transformador da aprendizagem, embora de forma diferente do que imaginava antes. E vira e mexe escolho algo para aprender também, como aluna, para nunca me esquecer de que somos todos iguais e para manter aberto meu olhar curioso para o mundo.
Obrigada a todos os professores que foram exemplos pra mim. Obrigada aos amigos e ao meu amor, que são professores e de fato amam o que fazem. Obrigada a minha mãe, exemplo de professora dedicada que sempre me inspirou. Obrigada, alunos dessa primeira turma, que me receberam tão generosamente. Obrigada a todos os meus ex-alunos e atuais alunos, razão dessa profissão. Graças a eles, ainda acredito que o segredo está no afeto, no amar, no partilhar. Amo o que faço, amo profundamente meus alunos e sou muito amada por eles. Muitos se transformaram em grandes amigos. Aprendo sempre e ensino sempre. Trocamos. Me mantêm jovem e "esperta da cabeça", esses danados. Fazem permanente meu "coração de estudante" e me lembram que "há que se cuidar do broto/ pra que a vida nos dê flor e fruto". Vinte anos! Uau!


1994, na minha primeira turma; 2014, neste segundo semestre



Turma de Sociologia em 1994 / Turma de Sociologia em 2014