Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:

Meu povo discente já sabe: tenho uma árvore na orla da UFF no Gragoatá. Naquele cenário lindo, não faltam árvores e falta é tempo pra uma atoíce. Mas desde que comecei a dar aula naquele campus uma árvore falou comigo, ela é torcidinha, tenho paixão por ela, passava de carro por ela e meu olho grudava. Resolvi atender ao chamado e arrumar tempo pra curtir a minha árvore.

Comecei a parar lá entre uma aula e outra, ou depois do almoço, ou no fim da tarde, pra meia hora que fosse de contemplação, descanso, cochilo, uma musiquinha no ouvido, relax com aquela vista maravilhosa. Parava o carro perto, tirava minha cadeirinha esperta, colocava sob a árvore e curtia nossa orla linda. Comecei a postar sobre isso, mis alunes me viam lá e pronto, virou a árvore de NaEnne!




Já orientei lá, já fiz picnic lá. E na formatura de 2016 ganhei dos alunos esse quadro lindo abaixo, em que estou na minha árvore. Amo tanto que quando tem gente nela dou sempre uma conferida, ciumenta, pra ver se é gente merecedora hahaha, não quero ninguém de bagunça com a minha árvore, não. Ontem mesmo, na varanda aqui de casa olhando o céu azul, pensei nela, com saudade, pq os dias de verão são os mais bonitos na orla, na minha opinião.

Por que to contando isso agora? 

Porque hoje minha tia Leninha, amada por todos nós, recebeu a primeira dose da vacina pra covid-19, tão esperada!!!


E eu a levei pra vacinar exatamente no drive thru do Gragoatá (obrigada, UFF, obrigada, querido Reitor e amigo Antonio Claudio por tudo que a UFF faz por Niterói). E o ponto da vacinação, exatamente onde ela foi vacinada, era nada mais nada menos do que...

EM FRENTE À MINHA ÁRVORE!!!

Fiquei muuuuito emocionada, pensei nessa coincidência como sinal mágico de benção e proteção, como se eu estivesse sendo recebida em casa e podendo cuidar dessa tia tão amada num lugar que é meu de coração.

Viva a vacina! Viva a Universidade pública brasileira! Viva a gente poder ter uma árvore, afeto e cuidar de quem amamos. Vamos em frente, gente! Quis repartir essa história de encantamento com vcs <3

Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:

Tava eu aqui, quarentenada, entediada e ao mesmo tempo tristinha com pandemia, mortes, desgoverno, eis que no meio de janeiro passo o olho na TL do twitter e vejo um video de duasinhas amoríssimas. Falei: são quem, gente? Aí descobri o mundo #rosmello, o fandom que tava shippando as participantes Rosalinda e Dayane Mello no Grande Fratello, o BBB italiano.

Giulia, minha amada bolsista de Iniciação Científica, já tava acompanhando o GF desde os primórdios e já tinha me dado um alô sobre o programa, que tinha uma brasileira que tava sendo massacrada pelos italianos xenófobos, que tinha sofrido ataques pesados na edição, e que a torcida brasileira, incomodada, começou a assistir e invadir o GF, defendendo e salvando Dayane de vários paredões, inclusive fazendo com que ela fosse a primeira finalista do programa (lá é tudo meio diferente do daqui, os participantes já vão sendo indicados pra final no decorrer dos meses, tem uma interferência bizarra dos produtores - chamados de autores - e do público externo, é manipulação bem clara, num tem boninhada não, é coisa clara e pronto!).

O programa parece que ia até dezembro mas, devido à pandemia, foi esticado até hoje, dia Primeiro de março, a data da grande final do Grande Fratello. Cinco meses socados numa casa, meu pai! Nesses meses, rolou uma bela de uma história de amor entre Dayane, modelo de SC que reside na Itália, solteira e mãe de uma filha de 6 anos, e Rosalinda, atriz italiana com o nome artístico de Adua del Vasco, natural da Sicília, que tinha um rolo com um homem há não sei quantos anos. Pois bem, essas duas encheram as fãs de esperança e encanto com o carinho, os olhares, a cumplicidade. Inclusive no período bem triste de luto de Dayane, que no início de fevereiro recebeu a notícia da morte de seu irmão Lucas, aqui no Brasil, de acidente de carro.

Foi em meados de janeiro que comecei a acompanhar o GF, a princípio só pelas postagens dos perfis oficiais e do fandom. A história de amor delas era tão bonitinha que eu usava os clipes editados pelas fãs pra dormir de noite, porque enternecia mesmo.

Mas eis que um belo dia, na segunda semana de fevereiro, do nada, Rosalinda vai ao confessionário, volta, tem uma conversa com um outro participante, Zenga, na pérgula da piscina, ambos se declaram, e do nada, mas do nada mesmo, começam a namorar. Nisso eu já tava assistindo o programa via streaming, com um link que a Giulia tinha me dado, já tava vendo 24h hahaha, no vício mesmo. Então sou testemunha que essa paixão surgiu DO NADA.

Não só Rosalinda começou essa love story com o Lenga, como o fandom chamava o desafeto, como praticamente parou de falar e abraçar Dayane, não contou nada pra ela, passou a andar com o grupo com o qual Dayane não se dava e a falar mal dela direto. O fandom enlouqueceu, mas Dayane mais ainda, a bichinha ficou no chão, porque pisciana apaixona, ne? Mas a tal da Rosalinda, a "fragmentada", como o fandom a batizou, alternava momentos de muito choro, anorexia, tristeza profunda, com uma performance nojenta de dar gosto, sendo muuuuito falsa. O fandom entrou em crise e parte se auto declarou ex-Rosmello. Tô resumindo, mas foi mt drama. Conclusão: a atriz Adua del Vasco entrou em cena e substituiu a meiga Rosalinda, concluiu o fandom.

Dayane seguiu sola e desiludida. Até que revelou, em uma noite de eliminação, que era bissexual e que tinha se apaixonado por Rosalinda na casa, e por isso estava sofrendo. E que Rosalinda e ela viveram uma história de amor, e não de amizade, que não prosseguiu por medo. E na mesma noite, na hora de indicar quem salvaria do paredão, acabou não escolhendo Rosalinda. Esta decisão foi o mote para os inúmeros ataques que sofreu dentro da casa, sendo acusada de ser falsa no seu amor, com muitos comentários bifóbicos. 

Resumi essa história toda, deixando de lado mt coisa, pq foram semanas densas, porque hoje é a final e não queria deixar de publicar o quanto essa história me atravessou. Foi mt impactante acompanhar esse GF nos últimos dois meses.

Me comovi imensamente com a história de amor das duas. Com o cerceamento desse processo. Com a força dessa mulher que é Dayane Mello, que sofreu muitos ataques xenófobos, misógenos, bifóbicos na casa e seguiu rainha, altiva, uma mulher livre, belíssima, muito interessante e guerreira. Com o quanto o público italiano é conservador. E como um programa de televisão pode ser tão, mas tão conivente com o abuso contra uma pessoa. Em alguns momentos  não consegui assistir e torci pra Dayane desistir e sair daquele inferno. Mas também me comovi muito com a força do fandom, uma gente criativa, maravilhosa, engraçadíssima, que por total amor se dedicou dia após dia pra apoiar primeiro o ship #rosmello, depois a ídola Dayane. 

Já tinha vivido essa experiência com #clanessa, com algumas diferenças, e amei estar agora novamente neste rolo, vendo essa paixão desse fandom, carente de representação e representatividade, ver como poucas vezes na vida a fic se realizar, pro bem e pro mal, na própria história que se desenrolava.

Hoje é a final e os brasileiros estão se mobilizando pra dar o primeiro lugar pra Dayane. Vai ser difícil porque o programa tem umas matreiragens (tipo tirar o site do ar, coisa de máfia mesmo) e vai fazer de tudo pro italiano favorito ganhar. Mas acho q não importa muito. O que valeu mesmo, a meu ver, foi ver a garra dessa mulher, os momentos lindos que elas protagonizaram quando ainda se permitiram e a alegria, o amor, a paixão, o desejo de representação e representatividade do fandom #rosmello. Eu sempre me comovo.

E vou terminar buscando as palavras da própria Dayane: amor é sempre amor. E no século XXI já está mais do que na hora da gente entender isso, né não? Por mais Dayanes na nossa vida!