Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
amo Kandinsky. É um dos artistas que mais gosto e quando vejo suas pinturas, mesmo em réplicas mínimas na internet, quase sempre meu espírito se alvoroça. E algumas vezes fico mesmo emocionada. Arte é coisa engraçada, né? Pra muita gente, o amontoado de cores, traços, riscos de Kandinsky parece aleatório, nada dizem. Para mim, são comoventes.

Ano passado, quando estive em NY, tive a oportunidade de ver, ao vivo, o quadro de Kandinsky que tenho em forma de poster na sala de minha casa, e que adoro. Fiquei muito, mas muito emocionada. Como não sou muito ligada em artes plásticas, de forma geral, vou fazer uma serizinha aqui no blog com os meus preferidões, aqueles que me comovem pra valer. Comecei com esse queridão, pra quem olho todo santo dia aqui de meu sofá vermelho.

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Essa é uma das minhas preferidas, por muito tempo ficou como papel de parede do meu laptop. Altos papos!

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Acabei de ler Filho eterno, de Cristóvão Tezza. Sem dúvida, um bom e interessante livro. Bem escrito, original, obviamente comovente. Acho que merecia os prêmios que levou. Gostei, no geral.

Mas fiquei meio incomodada com o ego masculino do narrador. Mais do que uma narrativa sobre o filho, me pareceu uma narrativa sobre um umbigo masculino, um egocêntrico em torno de quem giram todos, inclusive o filho, a família, o mundo. Sei lá, achei pouco generoso com a alteridade.

Não estou falando que é reflexo do autor, de sua visão de mundo, de sua vida. Não o conheço e já tô meio escaldada pra não ter pretensão de cobrar coerência entre ficção e representação da realidade, mesmo sendo o livro em tese inspirado na história e na trajetória do autor.

Mas estranhei e fiquei meio pasmada com a ausência da mulher/mãe na trama, nada, nem um registro, só um fiapo, um nada que percorre poucas linhas (parece Geertz na descrição densa da "Briga de galos", em que a mulher antropóloga aparece no primeiro parágrafo e depois vira "fumaça, fumaça, fumaça..." - momento homenagem). Da mesma forma, a filha, que só recebe como referência o rótulo de ser normal, é um nada. E mesmo o filho, razão e tema do livro premiado, é um atalho por vezes embaçado para a grande descrição de si, deste narrador autocentrado, seus desejos, seus sonhos frustrados, seu grande livro sobre ele mesmo, o grande homem, o perdido, o frustrado, o que precisou aprender a viver com a dor da imperfeição.

Sei lá, achei que se trata de um livro sobre uma forma cultural masculina de pensar o mundo. Egóica e, ainda que emocionante e bem escrita, irritante, por lembrar esse grande umbigo homásculo. Não à toa está lá o futebol como grande metáfora da comunhão masculina. No fim das contas, num senti empatia pelo narrador, coisa rara comigo num livro, inda mais com tema pungente. Me lembrou, de certa forma, mau-humor que tive com o maestro filho da puta de Valsa negra, de Patrícia Mello. Confesso que este último foi capaz de me despertar mais compaixão do que o pai umbiguento do filho eternamente secundário na trama de Tezza. Gostei, mas num lia de novo, não.
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Num sei quem são, alguém me passou por email, mas adoro essa bobeira!
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Quando tive a idéia de criar o Baiúca, e isso foi muuuito antes do post do "agora vai" lá de 2004, pensei em criar um blog principalmente pra poder falar das coisas absurdas que cotidianamente lemos, vemos, recebemos midiaticamente ou não.

A inspiração foi uma nota surreal em um jornal desses de bairros, que são distribuídos gratuitamente na padaria, aqui de Niterói, que peguei e li na praia. Numa coluna, a autora, cujo nome não me lembro, compôs uma nota que era uma pérola de ponta a ponta, algo sobre discriminação. Infelizmente, não achei mais o recorte com a tal nota (sim, havia um recorte, pois havia o desejo de começar o blog comentando essa fatídica nota), mas gostaria de prestar uma singela homenagem ao seu texto, ao menos à sua frase inicial, que era mais ou menos assim:

"Há quem diga que o preconceito não é uma coisa boa."

Essa frase impressionante nunca me abandonou. Infelizmente, como já disse, não tenho o restante, era do mesmo naipe, mas um brinquinho em termos de falta de noção.

Assim, o sonho do blog era esse, o de gongar falas e falantes, imagens e aparecentes. Nunca tive tempo e talvez talento pra fazer isso direito. Agora tô aqui dando umas peruadas, mas timidamente.

No entanto, tive o prazer de descobrir que tem gente com tempo e talento de sobra pra gongar essa gente tudo. Vou elencar abaixo os meus três blogs favoritíssimos. Leio todo dia. Queria ser essa gente debochada. São meus ídolos. Sem eles, minha vida - e a de muita gente - seria muito, mas muito pior. Obrigada, meus reis!

- Te dou um dado? - o melhor de todos, disparado, sou doida por essa gente, em especial Tia Lelê e Tia Polly.

- Kibeloco - adoro! Principalmente os vídeos. (http://twitter.com/kibeloco)

- Katylene - quando acerta a mão, me faz rir por muito tempo. Sinto falta do velho e inesquecível, o campeão dos campeões, papelpobre. Mas esse tb me dá muitas alegrias. (http://www.twitter.com/katylene)

Esses três num é só questão de recomendação, é de salvação mesmo!
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Dando um toque ancestral à série, postamos agora a magistral pintura "Intriga", de James Ensor, de 1911, a caracterização perfeita das gentes falsas do mundo. ADORO!

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Acabei de conhecer, a partir de um coment num dos posts abaixo, o blog da Carol (@calooka), tb minha aluna, que se chama "Quando ela escreve... exerce sua coragem e desafia seus medos". Os textos bonitos e bem escritos revelam a sensibilidade da autora. Outro que recomendarei aí nas Sugestões da Casa e que vira e mexe visitarei.

Bom de blog é, dentre outras coisas, conhecer blogs alheios tão legais. :) é, tô gostando dessa experiência.
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Ano passado, vendemos nossa casa de família em Rio das Ostras, essa que está aí em cima com o inesquecível solzinho da tarde no quintal com as árvores ao fundo. Era uma casa de exatos 30 anos, construída em 1978, na qual planejei morar um dia e na qual passei tb muitos, mas muitos incontáveis bons momentos.

Sofri bastante com a venda dessa casa. Por diversos motivos, mas principalmente por ser a última de nossas casas de infância (sim, somos uma família com casas de infância) e por significar o fim desse sonho de lá morar, desfrutar a beleza daquele lugar quase mítico em meu imaginário, com o fim de tarde olhando o sol se pôr atrás do morro do gigante na praia da Tartaruga. Sabia que sentiria falta dos passeios em Costa Azul, dos almoços no restaurante Pôr-do-sol, em frente ao rio de Barra de São João, da casquinha de Siri no Casa da Praia, na praia do Cemitério, das caminhadas da minha casa até a praia do Bosque, do sorvete da Paradinha, da pracinha que a prefeitura nova fez questão de destruir, na qual, antes, as andorinhas vinham fazer revoada todo fim de tarde, do vento na varanda de minha casa, do solzinho, esse aí da foto de cima, no quintal ao entardecer, dos peixes na parede azul, da feirinha na Av. Amazonas, eita, é muita recordação que gosto de trazer aqui comigo. Lamentei e chorei me desfazer dessa casa, sinceramente.

Mas a vida é isso aí, eis o que estou de fato aprendendo nesse ano. "As coisas se transformam", como dizia o velho Oswaldão, "e isso num é bom nem mau". Custei a entender o verso antigo que cantarolei tantas vezes de olho fechado, hahaha. Hoje entendo. Segue aí girando a roda da vida, estou aprendendo a viver com isso. E também a festejar o novo, o possível, o melhor.

Essa casa amada se transformou em outra casa amada, esse ap no qual agora escrevo esse post aqui em Cabo Frio e que aparece aí embaixo, na foto bonitinha. Adoro o sol na varanda pela manhã, gosto da decoração gracinha que minha mãe criou, amo estar aqui em família e com os que amo, estou com muita vontade de trazer novos amigos aqui (os que vieram adoraram), já panhei amizade nesse lugar pertinho da Passagem, amo ficar sentada de tarde na varanda sentindo o vento e ouvindo meu MP3, AMO a praia das conchas, adoro caminhar pelo canal, acho a praia do forte linda mesmo qdo lotada, enfim, estou aqui costurando esse meu novo amor com esse lugar. Acho que essa história está indo de vento em popa.

Parte da lição: o fim do sonho da infância não precisa significar a morte dos sonhos. Mas um outro sonhar, com outras cores e lugares, amadurecendo o gostar, aprendendo a olhar mas com as vantagens dos quarenta anos, essa mistura de malandragem com sabedoria, mesclada com angústia e estupefação. É isso aí, bom mesmo é aprender, com saúde e disposição.
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Acabei de conhecer, através de dica de minha aluna @stephieborges, o blog "Outras levezas - recortes, influências & delicadezas insustentáveis", editado por ela, que, conforme consta na sua apresentação, apresenta nos posts "recortes: trechos, poemas, canções, cenas" de uma pá de gente bamba, como Ítalo Calvino, Florbela Espanca, Ana Cristina César, Mário de Andrade e por aí vai. Curtinhos e bons de ler on-line, os fragmentos são daqueles que dão aquela travinha na alma. Gostei, linkei, recomendei e vou ver sempre!
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mais uma da série de sucesso na blogsfera (o que prova q todo mundo conhece uma figura falsinha dessas na vida, hehe):

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A dica maravilhosa foi do Francis, hahaha. Adorei!

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Mais uma. Tá quase acabando, mas me diverte mucho. Cuidado com os que se mascaram, minha gente!

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aeeeeeeh!!! consegui um template maravilhoso pro blog, agora está ficando como eu queria!!!! Vida longa ao Baiúca. O q vcs acharam?
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Eles foram meus alunos e estagiários (ou meus ou dos laboratórios vizinhos, que comandávamos na UCB, eu, Cassia, Alice e Homero, tempos bons!). Hoje são profissionais de primeira e continuam meus amigos. Acompanho suas trajetórias com orgulho, porque sei que não perderam o que têm de melhor: vontade de aprender, olhar crítico, iniciativa pra empreender e bom-humor. Sou fã dos três e recomendo muito os seus blogs, que estão ao lado aí nas Sugestões da Casa. Vale a pena conhecer:

- Espetaculosas - o blog editado pela Tati Bruzzi (@espetaculosas) tem notícias, comentários, fotos etc.

- Babelturbo - este é o blog editado pelo @muriloribeiro, com notícias, opiniões, deboches, enquetes e por aí vai.

- Ponto. Vírgula, e reticências... - tb com notícias, opiniões e muito humor, este é o blog editado pela @luribeiro.
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mais uma, dessa vez com bjos para a família do @leoeki rir mais um pouco (valeu, Leo!).

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Pra não ficar aqui numa vibe muito ególatra, mais do que já vai rolar pq é inevitável, vou publicar coisas alheias preferidas. Pra começar, o poema dos poemas, o mais preferido de todos, "O Pastor Amoroso", Fernando Pessoa na pele de Alberto Caeiro. Morro tda vez que leio!


é só clicar aqui.


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Fiz essa foto na Galícia, quando estive em Santiago da Compostela em 2006 para um congresso. ATÓRON!


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Mais uma foto enviada por email, pra gente lembrar de ficar com um olho no peixe e outro no gato perto de certas entidades que nos rodeiam. ;-)


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resmungo 1: Ontem fui ver Divã no Plaza. Gostei muito e me identifiquei por demais. Chorei pra caramba e achei a abordagem sensível. E Lilia Cabral dá um show. Vou te contar, essa história de terapia dá uma viradinha mesmo na vida da gente, quem diria!

resmungo 2: ontem passei por um outdoor perto do Multishopping aqui em Itaipu em que uma apaixonada publicou um recado de amor, pelo dia dos namorados, para seu "castorzinho". Dou força pro romantismo, embora tenha achado o layout um pouco over, mas o que queria destacar mesmo são as frases finais da "homenagi". A apaixonada aspeou "eu te amo calado" e colocou entre parênteses a autoria (Lulu Santos). E abaixo, sem aspas, declarou: Viver e não ter a vergonha de ser feliz/ Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz, tb sem parênteses e sem autoria . Deve ser dela isso, né? Termina com ela, Castorzinho! "Corre que é cilada, Bino" (ou não devo colocar aspas e fingir q é meu?
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Gosto por demais
desse GT da Compós.
Em três palavras:
partilha. delicadeza. diversão.

(Ana Lucia Enne, em 03/06/09)
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Fiz essa foto há uns dois anos, na casa de Marialva em Maricá. Gosto muito dela porque me lembra meu olhar para o mundo, enquadrando e emuldurando o que minha retina consegue captar.

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recebi uma seqüência (seguindo o povo do TDD?, "trema, meu amor, nunca te abandonarei") de fotos com esse título, por email, que amei. Vou publicando aos poucos, pra extravasar.


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momento desabafo: tem gente que me exaspera, eu juro. Porra, tá vendo que estou passando por problemas de saúde, que num tô respondendo email, que tô quieta, que tô cuidando de mim, mas insiste em me demandar coisa. Porra, sempre tento ser compreensiva e ajudar, mas tem horas que passa de todos os limites. É um egocentrismo impressionante.

Em que momento passei a ser a grande devedora desse povo todo, caralho???

O mais impressionante é que quase não solicito coisas das pessoas, dificilmente peço, sou super na minha com as demandas para o alheio, só solicito qdo é muito urgente e necessário, fora isso tento me virar.

Mas o povo num faz cerimônia. Se é desconhecido meu, num tem o menor constrangimento de me mandar email ou scrap me pedindo favor como se fosse amigo íntimo; se é conhecido, e sabedor de tantas vezes em que já ajudei e fui prestativa, mesmo acompanhando meu momento e meu silêncio, não se furta de me procurar, insistir, constranger.

De coração, sem problemas em escrever isso: fora meus amigos, a quem atendo sempre com prazer, peço aos demais solicitadores irritantes que, por favor, me deixem em paz. Claro que não estou falando de compromissos profissionais, demandas de meus alunos, isso é da vida, atendo sempre com prazer e respeito. Estou falando desses pedintes de causa própria, esse povo que quer atenção para seus problemas a todo custo, mesmo percebendo meu silêncio e necessidade de ficar na minha.

É preciso sensibilidade para perceber o outro. Meu momento é de reclusão, pouco estresse, relaxamento, menos solicitações. Quem puder entender, beleza. Quem não, foda-se.
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Dizem de áries
isso mesmo.
Que é impulsivo,
espontâneo e arrebatador.
Não tem medidas,
troca os pés pelas mãos,
faz ponte onde há abismos,
e onde não faz pontes,
voa.
Dizem de áries
que seu coração é enorme
e de manteiga.
Que é fiel de doer
enquanto outra paixão
- a maior de sua vida, sempre -
não lhe acena no metrô,
na mesa do bar, no curso de filosofia
ou na porta do caos.
Arianos não se equivocam,
gostam de mandar,
não aceitam recusas
e sonham com a perfeição.
Frases do senso-comum,
meias-verdades,
o ariano é o que vê cores
sobre o cinza,
que planeja o poente
sem o sol ter nascido.
O que você diz do ariano
é isso mesmo.
Ele é quente e amoroso
um meninão sadio
que procura a chupeta onde ela sempre está.
Um chorão, um emocionado perpétuo.
Esse apaixonado desmedido.

(Ana Lucia Enne, em 14/03/1993 - poeminha antigo, que fiz em homenagem à Gladys, maravilhosa professora e amiga, ariana retada)
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Essa menina
é uma menina.
Sonhadora, crédula, confiante.
Sorriu e ofereceu cigarro.
Vapt, devolveu a vida:
porrada!
Não merecia. Ninguém merece.
Mas é uma menina
sonhadora, crédula, confiante.
E a vida é azougue,
perversinha que só,
tira o tapete tecido pelo sonho
com o martelo duro da realidade;
atravessa o samba
com a mão dura da intolerância;
corta o riso franco
com o braço forte da perversão;
corrói a crença aberta
com a aspereza da miséria do mundo.
Poucas vezes senti tamanha tristeza
como a que senti na dor
dessa menina risonha.
O medo gratuito.
Não podemos permitir sua vitória.
Eis minha mão,
menina querida,
não é dura, nem áspera nem forte.
É gordinha, tenra e quente
e está sempre pronta
a segurar a sua.
Como a minha
outras tantas frágeis mãos
são tuas companhias
para atravessar a longa estrada
dos dias ruins.
Vão te segurar
para que sigas
menina.
Crédula, sonhadora, confiante
Uma das melhores
pessoas que já vi no mundo
que, sem teu olhar luminoso,
fica bem mais sombrio.
Portanto, menina querida,
amada companheira de noites de luz,
eis minha mão na sua.
Vamos seguindo
e dando uma rasteira neste
mundo doido.
Cambaleando, mas com firmeza
em nossos sonhos, princípios, fé.
Nessa história de incertezas,
temos uma:
não somos nós as erradas.
Crer, confiar, sonhar.
Temos esses valores de meninas.
Não vamos perdê-los.
Somos melhores por isso.
Não vamos nos apequenar.
Aí sim,
a vida perversa daria gritos de
júbilo,
pois teria, enfim, vencido.
E isso nós não merecemos mesmo.


(Ana Lucia Enne - em 03/06/09)
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Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:

Brasileiramente, segundo o governo federal, não desistimos nunca. Portanto, eis-nos aqui tentando recomeçar nosso blog. O Baiúca é pra ser um espaço de expressão aleatória, pra eu comentar, lamentar e comemorar tudo o que eu tiver a fim. Meter o pau no alheio, resmungar sobre a vida e sobre a mídia, dar pitaco na vida dos outros, publicar meus poemas e minhas imagens, enfim, um lugar meio pra nada mas que eu quero que exista.

Sejam bem-vindos ao meu botequim poético, essa criação cotidiana de mim!
Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Gosto muito de estudar.
Ler. Ver. Pensar. Discutir.
Meu olho é hiper-ativo,
gosto bem de ir vendo tudo,
como o pastor amoroso do Pessoa,
mas aceleradamente,
como o zapeador pós-moderno.
Adoro ouvir o outro.
Contemplar. Prestar atenção. Dispersar.
Zapeio com o olho concentrado
os clipes cotidianos da vida,
venham mediatizados ou não.
Não recuo. Amo livro, TV, jornal,
cinema, rádio, revista, internet
(teatro num gosto não, prontofalei).
Sou filha agradecida
das mídias e das tecnologias.
E gosto também do calorzão
da interação face-a-face.
Eu toco muito. Abraço. Beijo. Aliso.
Ronrono quando me tocam. Abraçam.
Beijam. Alisam. Muito.
No MP3, a trilha que embala
meu olhar diurno para o horizonte
nas caminhadas, numa varanda
que me dê mole, na praia aberta,
ou meu olhar noturno para desafiar
a escuridão.
Não veto o sensório.
Não recuo (por vezes sim)
do experimentar.
Brinco com tudo que me fala.
Não temo o discurso.
Me embalo nele.
Sou curiosa e entregue,
valorizo e agradeço
poder aprender.
E amo também
distribuir. Partilhar. Escambar
tudo que aprendo.
Por isso, nunca canso
de ensinar.
Ser professora é o que completa
meu desejo permanente
de aprender.
Vivo para isso, e agradeço.
Mas, vez por outra,
emerge em meio a esse jogo lúdico
de aprender aprendendo e ensinando
as figuras opacas
seres sem luz
esses pocinhos rasos de vaidade oca
nada a dizer, nada sabem
porque nada aprendem
nada ensinam, porque nada sabem
porque nada aprendem.
Fechados em suas imagens de espelho
simulacros do nada,
espelhos de auto-atribuição
os falsos leoninos
de porra nenhuma.
Mas pavões,
arrotando sua mediocridade
falso ar blasé
inseguros porque lá em suas profundezas
o espelho quebrado
corrompe o álibi da conotação:
são umas grandecíssimas merdas,
e sabem disso.
Mas simulam. Posam. Mascaram.
Cabotinos. Enormes fariseus.
Tento não vê-los, não reparar neles,
porque quando se anunciam
no meu campo de visão
embrulham meu estômago
me irritam o olhar
pertubam meu play-ground acadêmico
essa grande brincadeira
que é aprender e ensinar
esse parquinho de afetos
de amigos e alunos
esse cantinho encantado
de menino curioso
que sempre se maravilha com a palavra nova,
com o inusitado do nunca visto,
com a percepção do novo no visto tantas vezes.
Essas falsas e óbvias esfinges
atrapalham a farra do saber.
Hei de conseguir
uma capa invisível de Harry Potter
que me esconda
quando suas sombras dissimuladas de dementadores
se fizerem sentir.
Mas, de preferência,
que os esconda
essas estúpidas figuras
esses simulacros de merda nenhuma
ausência qualquer de representação.

(Ana Lucia Enne - em 03/06/09)

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