Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Nesse 25 de dezembro de 2016, noticiou-se a morte de George Michael. Em homenagem a ele, partilho aqui uma história mágica que envolve uma de suas músicas, "Heal the pain", uma das favoritas da minha vida.
Não sei bem o ano, talvez meados da década de 2000, tipo 2006. Eu tava cismada com uma música, mas não sabia cantar, cantarolar, não conseguia lembrar de quem era, nem um trecho sequer. E ficava tentando lembrar, queria porque queria, mas não conseguia. Quem mais sofria com isso era a amada Dani Brasiliense. Vira e mexe eu tentava lembrar um trecho, mas cantarolava uma coisa esquisita e nada. Isso durou muuuito tempo.
Aí um dia eu estava tomando banho, nós íamos a uma festa, e sem querer cantarolei um "tchurururu" meio troncho. Berrei: "é essa música, é essa música". Dani ouviu e disse: "acho que já sei qual é, mas não sei cantar nem de quem é. Vou tentar descobrir pra você. Mas não vai ser fácil, quase não escuto, mas vamos ver".
Aí terminamos de nos aprontar e entramos no carro pra ir para a tal festa. Assim que demos a partida no carro, Dani falou: "vou ligar o rádio e vai estar tocando a tal música, quer ver?". Eu ri, descrente. Tinha anos que eu não ouvia a danada da música, como podia ser?
Assim que ela apertou o botão do rádio, entrou o trecho que eu havia cantarolado: "tchurururu tchururu". Ficamos em pânico!!! Comecei a berrar: "é ela, é ela!". A gente ria de nervoso. Depois de meses querendo que alguém me ajudasse a lembrar da música, na noite em que consegui balbuciar um trecho toscamente, que Dani foi capaz de reconhecer, mesmo sendo uma música pouco ouvida, ela fala que vai ligar o rádio e a música estaria tocando, e páaaaa, lá estava ela. Tava já no finalzinho e o locutor disse quando terminou: George Michael, "Heal the pain". Cara, eu fiquei maluca. Era muita coincidência!!!! Uma música de 1990!!! Tocando em 2006 na hora em que ela falou que tocaria, dentre milhares e milhares de músicas!
Eu amo essa história, acho mágica. Depois consegui a música e ela mora permanentemente no meu mp3 player, eu escuto sempre.
A notícia da morte de George Michael me entristeceu. Compartilho aqui essa história como homenagem a ele. Músicos e suas artes: são capazes de provocar as maiores e melhores magias! Obrigada, seu lindo! Valeu!

e
Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Como já comentei em outros lugares, "Pai Herói", a minha novela preferida, está sendo reprisada no canal Viva. Dela veio o pseudônimo Karina Limeira Brandão, personagem de La Savalla, lindíssima como a bailarina problemática, com que assino esse blog e que já me serviu de pseudônimo em festivais de poesia, trotes, cartas para jornais e outros momentos alteregóicos múltiplos... André Cajarana e Ana Preta, tipos inesqueciveis de Tony Ramos e Gloria Menezes, foram por muito tempo meus personagens preferidos, símbolos de justiça, pureza, força, luta, coragem. Na reprise, assisto embevecida e emocionada o quanto essa percepção permanece. E que maga essa Janete Clair! Essa semana um aluno amado, o querido Abrahão, apaixonado por novela que nem eu, me escreveu pra falar o quanto estava comovido com Pai Herói. E sobre Janete afirmou: "Janete escrevia muito bem, sabia escrever pro povo". Exatamente! Que talento, minha gente! Tanto que quase quarenta anos depois (a novela é de 1979) a novela segue emocionando e falando com um jovem estudante de midia, na faixa dos seus 20 anos. Não é formidável? Gênio, "usineira de sonhos", a maior, imbatível, viva Janete!!!

Anos depois, muitos, li e me emocionei com "As ilusões perdidas", clássico de Balzac. E quando li tive a sensação de que já tinha tido o impacto de acompanhar as desilusões de Lucien de Rubempré, personagem principal do romance, chegando na cidade grande cheio de sonhos e inocência, e aos poucos sendo devorado pela maldade e perversidade daquele mundo, perdendo suas ilusões. Agora, revendo a novela, sei de onde veio minha sensação de deja vu quando li o livro. André Cajarana era o nosso Lucien de Rubempré! E com um show de interpretação de Tony Ramos, que conseguiu encenar essa passagem dura da vida entre o olhar inocente e a aquele depois das lambadas do mundo.

Mas com uma diferença: nossa maga num ia deixar a gente sem esperança, não. Nosso André Cajarana amadurece, sofre, se endurece, mas não perde sua bondade e vontade de justiça. As ilusões perdem força, mas não desaparecem. Novelas e suas redenções no final... Balzac que me desculpe, mas prefiro assim... ;)

PS: e "Alouette", canção com Denise Emmer, é linda. Na época o povo reclamou, dizia que era nepotismo pq ela era filha do Dias Gomes, que a música era chata, que ela cantava mal... olha, gente chata. Música linda e casa perfeitamente com a personagem Karina e seus dramas.

Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Violão sempre foi uma coisa marcante na minha história. Muitas horas tocando, amigos em volta, muita cantoria pra desanuviar a alma, rir, chorar, deixar fluir, bagunçar... agradeço mt por minha mãe Maria Lucia não ter me deixado desistir depois de um ano tocando só "Noite Feliz" (mas eu gostava do professor, Clovis, falava várias línguas, me ensinava ciências, golpes de karatê, me deu um elefante de porcelana que tenho até hoje, era meio doido mas era legal, só não sabia ensinar violão hahahaha. Mas me ensinou o pouco que sei de teoria musical, e me ajuda bastante)... Pessoa boa, minha mãe se matriculou comigo nas aulas do professor Celso pra gente aprender junto. Aí a coisa andou e nunca mais parou. Violão me lembra viajar, minha amiga Pri, meus amigos de todas as fases da vida, EAC (Encontro de Jovens com Cristo, sim, eu fazia!), jogo de corda na bolsa, revistinha com cifras, festivais da canção... tive um trovador meio preto que amava, depois um di giorgio braço 16 que era a perfeição (a gente chamava de ursinho pq povo do EAC colou adesivo de urso nele hahahaha), depois um giannini que era horrível mas tá vivo até hoje lá no ap de cabofrio, depois um di giorgio 18 q me acompanhou por anos e tá quebrado aq em casa mas ainda planejo consertar, e finalmente esse di giorgio 18 q amada Dani Brasiliense me deu mas não lembra ter feito isso mas que fez, fez... ele é maravilhoso, afino o bichinho em sol pra tocar bem grave e vou dando forma pras músicas que amo do meu jeito. :)

Fiquei uns anos sem tocar violão. Por diversos motivos. Mas nos últimos anos porque tava sofrendo com tendinite na mão esquerda e depois a artrite no ombro direito. Aí veio a terapia (obrigada, Lucio!) e me fez retornar no caminho pra mim mesma. Aí veio o lian gong/acupuntura (obrigada, Rodnei!) e me libertou. Aí vieram os incentivos do afeto e cá estou eu de novo, tocando que é uma beleza, me divertindo e me sentindo uma aprendiz novamente. Música é coisa maneira, né? A gente começa e quando vê aquilo toma conta da gente.

Este post memória é tb agradecimento. Montei um kit em torno do regresso do violão na minha vida que é puro afeto, fruto de presentes de pessoas que amo muito e me amam muito. Aí me emociona só de pegar nele, mesmo antes de tocar. :)


O violão, já falei, presente da Dani. O kit fica guardado nessa bolsa vermelha motivo signo de áries coisa mais linda que ganhei de Ohana. Dentro, o caderno motivo coca-cola que me dei de presente em 2010 já visando voltar a tocar (tive que esperar muito antes de concretizar esse desejo, acho que isso aumentou ainda mais o prazer que sinto agora a cada letrinha colocada nesse caderninho) abriga as letras/cifras que vou colocando a mão, bem artesanalmente. As canetas coloridas com que escrevo letras e cifras (pegando na internet e na memória e modificando pra ficar do jeito que gosto) são presente de Lid, Dani, Tira e Ninha. Ficam dentro do estojo motivo allstar presente de Mari Baltar. Junto das canetinhas, antiga palheta e afinador eletrônico, presente de mano Luiz. As cifras novas são colocadas no caderninho de cifras presente de Marina e Rê. Pra criar tumulto, os carimbos de Like e Deslike, presentes de Tira e Ninha, ficam do lado pro povo avaliar as músicas tiradas, hahahaha. Dois cadernos, um presente lindo de Lia Bahia, abrigam o índice das músicas e seus intérpretes.





Não é muita riqueza de afeto e amor, Brazil?! Agradeço muito. Tá sendo mágico voltar a tocar e tirar música sistematicamente, por longas horas, me divertindo muito. Nesses tempos difíceis em que o mundo parece mais louco do que antes, tem sido fundamental pra manter a sanidade. Quem sabe ainda volto a compor? ;)



Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:
Em 12 de janeiro de 2006, tomei posse como professora concursada na UFF. Portanto, essa semana esse marco completa aí seus dez anos. Nesse processo, conheci colegas e alunos maravilhosos, muitos dos quais viraram meus amados amigos. Não vou ceder ao desejo de fazer uma lista extensa nominal porque não quero ser injusta nem deselegante. Na graduação e na pós, tive oportunidade de passar por experiências profissionais e afetivas inesquecíveis. Daqui deixo meu muito obrigada às parcerias que valem a pena. :)

Resolvi, pra marcar essa data e homenagear todos esses queridões, falar da primeira turma de Estudos de Mídia, que conheci nessa minha entrada concursada na UFF. Turma adorada e inesquecível! Muitos viraram meus amigos e sinto enorme saudade de todos. Com eles comemorei, durante anos, meu aniversário no rodízio de pizzas do seven grill (gente, sinto muita saudade disso!), fizemos festas, entramos e saímos de confusões, tivemos aulas e trabalhos memoráveis... são tão queridos pra mim que quando os encontro, vejo foto no face, recebo notícias ou lembro por acaso, sinto meu coração sempre apertado. Através deles, quero homenagear todos os colegas e alunos que marcaram esses dez anos como concursada, os treze anos na uff incluindo o período de bolsista PRODOC e os 22 anos de magistério. Cada vez que entro em sala ainda me sinto aquela menina que lá em 1994 começou sua carreira docente, sem ter noção do quanto se realizaria ali. Ainda uso a técnica louca das letras pra decorar os nomes, ainda apresento o programa aula-a-aula no primeiro dia, ainda mando notas com comentários individuais pros alunos, ainda dou gargalhada em sala com eles, ainda preparo cursos novos com o mesmo entusiasmo. Quero seguir assim até o dia em que me aposentar, feliz em aprender e conviver com eles, esses menines maravilhosos!