Karina Limeira Brandão, mais conhecida como anaenne:

Primeira semana de abril de 2024 e cá estou pra fazer três balanços. Vamos ao primeiro:

1) completo, neste ano de 2024, 30 anos de magistério! Que coisa! Comecei em 1994, novinha que só. Fiz de tudo pra não ser professora. Mas era negócio de destino mesmo... entrei em sala e pronto! Baixou o gaspareto e já sai falando de sociologia, marx, durkheim, como se fosse algo cotidiano. 

Conto sempre que dou aula, 30 anos depois, com mais conhecimento, é claro, por que, peloamor ne, tem q ter tb compensação em ficar mais velho, mas mesmo mais acumuladora de sapiências, o modo de dar aula permanece o mesmo daquele primeiro dia de 30 anos atrás. 

Não sou adepta do papinho de blablabla "vocação, missão, sacrifício". É uma profissão como outra qualquer, merece respeito, salário e condições de trabalho justos. Mas, no meu caso, dei sorte, porque é uma paixão. Amo sala de aula. Amo desde aquele primeiro dia. Pra mim é festa, parquinho pra aprender junto, lugar de troca coletiva, é um lugar mágico que sempre me comove.

Andei meio desiludida no pós pandemia, mas em homenagem aos 30 anos, bodas de pérola, fina ela! , estou fazendo movimentos de reencantamento. Quis o destino (pq nao era pra ser, então entendo como parte da magia) que o memorial que estou preparando para a banca de titular na UFF esteja sendo escrito exatamente nesse momento. É bonito fazer esse balanço dos 30 anos, dos lugares por que passei, colegas maravilhosos que conheci, centenas de ex alunos, muitos transformados em amigos, autoras e autores que transformaram minha visão de mundo inúmeras vezes, metodologias construídas no processo dialético da sala de aula, tantas histórias e momentos inesquecíveis. 

Tenho vontade de me aposentar, quase 40 anos trabalhando, 30 só de docência, corpo tá cansado, cabeça quer voar pra outras paragens, mas enquanto eu estiver em sala de aula, orientando, estudando p partilhar conhecimento, aprendendo junto, pesquisando, praticando uma pedagogia de afeto, autonomia e esperança, como aprendemos com Paulo Freire, vendo os olhos da alunada brilhando, aquela alegria que percebo nas minhas aulas, ah, enquanto isso rolar, vou festejar mt. 


Porque sorte grande na vida é a gente amar o que faz e eu dei sorte dobrada pq isso aconteceu comigo na lida em sala de aula, me dando o prazer, a honra e a alegria de ser, há 30 anos, essa tal de professora NaEnne. Agradeço a todos os mestres que me inspiraram, em especial minha mãe, aos quais já agradeci nominalmente em inúmeras oportunidades; a todas as alunas, alunes e alunos que confiaram em mim e me entregaram também o seu melhor em todos esses anos, na Universo, Estácio, Silva e Souza, Castelo Branco e UFF, sem falar nas instituições em que dei cursos, aulas, oficinas, conferências e palestras, nessas três décadas peroladas; aos colegas de docência, os de verdade, porque como em toda profissão tem uns embustes que só jesus, coitados dos alunos.

Como canta Milton, genial:

"Quem irá me valer?
São pessoas, é a caminhada.
Quem irá me valer?
São meus sonhos no pó da estrada.
Quem irá me valer?
É o sorriso que guardo comigo.
Quem irá me valer?
É segredo de fazer amigo". 

É isso:

"Eu quero mesmo é ser feliz;
Amar, amor.
Quem não semear não vai colher.
Ai de quem é um e nunca será dois
Por não saber"

Tenho sido muitas, muites e muitos, e isso é uma benção danada... :)

Nesse outro post, conto um pouco dessa história no balanço dos 20 anos!

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